True Moon

True Moon
Everyshit has it darkside

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Náusea, vertigem à seco
estou doente e não posso me levantar
minha doença é um círculo pútrido que está pendurado em minha garganta
quando eu tento falar o hálito envelhecido exala o gosto vergonhoso de tecido sendo aos poucos alimento à criaturas nefastas, criaturas estúpidas, que são bacteróides.

porém, tenho a certeza, que aquilo que contamina-me não é da ordem do visível
estou mal do coração
ando me envolvendo em empreitadas estranhas, ruelas com becos sem saída, escuridão, piche, rebeldia, prédios antigos caindo os pedaços, guardando o suor de muita gente que acima dormem sonhando com nada, para dai na matina servir novamente de escravo
essas pequenas ambiguidades que me fazem tentar procurar saída pra isso, como se sai de uma novidade. Fazem-me observar que constantemente entre esses dois pólos, que observo agora febril, está balizada a realidade
que força precisa o espirito para lembrar de si esquecendo dai que é no consigo uma besta

Isto tudo trás-me junto a uma necessidade insana e perversa de destruir
quero que tudo vá pelos ares, num grito de desesperança, uma amostra de como já desacredito
hoje pago o preço da morte aqui definhando, o preço da impossibilidade de manter-se vivo muito tempo se matando

Só me envolvo com gente imunda, e a eles me identifico, somos porcos malfeitores, reconhece-se com inclinação aguda a virtude real: a maldade. Sou uma doença, expurgando. Sou uma doença, uma infecção, estou podre, estou decante, sou da cor do chorume, sou lixo. Não tenho força ou vontade, e neste ponto, na ausência de qualquer resposta inteligente, constato finalmente que minha doença é de fato almática, uma doença que nasceu dos meus atos, uma doença que na invalidez do meu corpo insiste para que eu observe o que em realidade tenho feito, mesmo que agora na loucura da febre me seja negado a visão clara de um passado, que exige certa beleza, para minha alma não curvar-se tão somente diante do grotesco e assim passar a venerar em fim somente a morte.

A autodestruição de suposto instinto mortal faz-me tentar o suicídio, bater contra o muro, partir teu corpo em dois, rasgar sua pele, te foder à seco pelo prazer dos gritos, te deixar ali esperando pelo controle. Pudera eu controlar teus reflexos, tornar teu suposto movimento voluntário numa extenção direta de minhas regras. Ciclo sem-fim de uma mesma coisa, quando se criam escapatórias nascem novas prisões. Agonizo debaixo do poço, decepcionado por um novo recomeço, que resmungo aos parentes mais preocupados com a sua própria vida, como eu desejo a sorte de ver-lhos mortos. Como desejo a sorte deles morrerem, e como sentirei inveja.