True Moon

True Moon
Everyshit has it darkside

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Trovão

Os pássaros cantam agitados essa tarde

Escuridão debaixo da terra
suas raízes estão afundadas e emaranhadas aos órgãos vitais
O pesadelo torna-se real e o pelego a única proteção. - acordado no susto por olhos vazios, presas frígidas, a fumaça real de uma memória antiga
Um intenção mortal escondida
Uma sombra de tudo que é vida
e o desabrochar inevitável
o limite, o beco sem saída
a morte imaginada, pensava e refletida
na ferida, no hálito, na madrugada
Quando o vazio nos trás a mais silenciosa lembrança
A criatura por detrás da criatura
A besta que ama
E o cristo que chora
O sangue de nenhuma vítima
O estrondo surdo do coração que pulsa
O irreversível severa corrida
a sobrevivência voraz da presa
atroz natureza do trovão
Que corta e separa o corpo em fenda
E torna real a profundidade do abismo
E a devassadora escuridão
Do vale dos corpos transpirando e suspirando e prometendo e à ranger e queimar vivos na eterna planície, na luta e na busca da fugacidade do sentido

Nem bom nem mal
um passo para o lado de nada
Insistente é o ponteiro que me ensina toda a hora
que um depois do outro se segue o caminho
e a loucura do sentido do destino
as vezes cai do horizonte
para nos fazer de novo questionar
e mais uma vez olhar para teus olhos
e desculpar
e querer ouvir mais uma vez uma nova história

Discordo de tudo
e disso também
concordar é como morrer
é apontar, é dizer como foi
como será
Então não tem então
e nadaver e tudo a ver
Texto sem fim - planícies, lagos e desertos num mundo de treva, sol que chega, poeiras e átomos de núcleo invisível
Cosmo que nos guarda em lugar nenhum

desejo à todos um sofrimento largo
uma dor profunda que abra os olhos, os póros
ferro e sal para a corrente, pulsão para empurrar
as pedras mornas do fluxo - correnteza da existência que respira o salínio ar do oceano
desejo que morra todos os dias no fio do machado
e que a lança da vida transpasse teus órgãos, a preciosidade do que é segredo e cochicho
rasgue carne e coração - rasgue o mito entristecido
abra a estátua polida
a melancolia deformada pelo vento
a beleza irreconhecida de um chato divino
um ruminar tedioso

Ah, como é triste a felicidade
como é cega essa ideia tola
como é cansativo mentir
Que a verdade da dor, que o impacto do estar, caia como um raio
e abale o mundo, e torne o mundo um grande estranho, um canyon, uma rocha partida
Que a montanha se mova
ganhe pernas, saia andando
E que chova e a civilização
Se afogue sem saber de nada
Que se toque, sinta e só
exausto veja, veja! Sem pensar,
sem temor por não saber
e sem saber para se esconder

Inundados, sufocados, de fato muita água e agora conscientes
da grande razão do seu pequeno nada
Gritem! Gritem! Gritem!

cabelo ensopado
desprendido
cérebro alagado boiando
numa poça d'água,
na grande cidade cinza
anjo decaído enferrujado.