True Moon

Everyshit has it darkside
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
a imbecilidade da pureza, e o fedor periférico
A sociedade dos ideais do além-mundo, e sua face pura, é como um urubu à sobrevoar a carniça. Em dias de enterro juntam-se apressados para sofrer e gemer e chorar por sua culpa distribuída em corpos que falecem precocemente. Atravessam os corpos viciados de seu ouro de tolo com julgamentos construídos na dialética de sua própria podridão. Transformam-nos em peso morto para remediar sua culpa, uma culpa enorme, do tamanho das montanhas que constroem em seus cercados privados, uma culpa que subjaz todas suas conquistas brandas e brancas, conquistas que pisoteiam e recusam, conquistas que competem e excluem, empurrando com uma vassoura o lixo para as periferias. Lá estão os zumbis, os lixos, os imbecis e esquizofrênicos, e lá que o sofrimento é real, é lá onde o sofrimento é cotidiano, e lá onde nasce aqueles que tornam o sofrimento real, e não podendo o negar já que é o tem como o único meio de acesso ao real tornam-no real para as páginas direitas e coloridas dos almofadinhas intelectuais, que vivem a utopia da boa vida e escrevem sobre a tristeza de alguns que se perdem no caminho, que igualam a miséria a um erro moral, a um problema de conduta, e onde continuam carregando a boa vida nas costas da mordomia subsidiada por miseraveis, escalada na cabeça dos miseráveis, isto é necessário, pois para ter é preciso que alguém não tenha. Que direito tem as classes superiores de dizer sobre o mal? Que direito eles tem de dizer sobre o sofrimento? Que direito tem de julgar aquele que não pode defender-se adoecido em imbecilidade, aquele que não enxerga os sonhos, aquele que ama de uma vez o sabor e o cheiro da droga pois não enxerga o amanhã? Esses miseráveis carregam o peso da porcaria, o lixo dos problemas sociais. São verdadeiros sacrifícios, pois sem saber, sem consciência, são enterrados, e são, assim o sentem, os verdadeiros culpados, já que a minoria que detêm todo o poder de qualquer coisa, lá de cima sequer tem a capacidade de entender a atrofia cognitiva de uma vida de trabalho, e apenas trabalho operário, trabalho da pior espécie. E esses jesuses cristos, inconscientes, são então o substituto da dor dos ricos: as feridas da sociedade estão aberta onde há tristeza, loucura e miséria. Eles pagam a dívida, a dívida acumula entre os que esbanjam, pois pra onde vai a merda depois da alimentação gananciosa? Pra onde vai o excesso de porcaria já que há o excesso de fartura? Porcos imundos revirando lama. Esses caras comem os restos, restos produzidos na economia mais negra pensada pelo tráfico, pensado em função da riqueza, e incompreendida quando barrada pelos resquícios de justiça que ainda restam e estão capengando, já que nosso deus é o dinheiro, e do que mais poderíamos viver sem ele? Será que há vida nesses dias da balança do dólar que não seja voltada e guiada pela grana? Pobres criaturas que nunca tiveram recurso, ensino e aprendizagem para a lógica mais básica na confusão atual de pensamentos, e sofreram da desvalorização dos sentires, num mundo que não conhece as notas musicais, que é surdo à melodia do viver, num mundo de coisas, de coisas sem sentido, sem profundidade. A droga e sua alucinação inerente não é só uma busca da alma dessas coisas, de um espírito por detrás do real monótono, de uma loucura vibrante num chato e quebrado, mas é também a busca do amor. Amor recusado, amor afundado, amor inexistente, amor que de início já não é, numa vida confusa e voltada apenas à consumo de objetos materializados, desejos literais, mas amor que se torna motivo de discussão e recriminação, pois arde demais, pois possui a qualidade do que é natural, e o natural não cabe em caixas e não é condensado, e não pode ser escrito, e não está no mundo civilização, e não é educação. O amor é o contorno abstrato das coisas, é um beijo quente, e um coração, o amor também é frio,e o sofrer mais gélido, e tudo isso está fora do comum e das linhas e da ordem, e tudo isso é humano demais para o que é direito e o que todos insistem em reproduzir numa convenção medonha, numa fila e num rebanho para a última e obscura necessidade, num tirar vantagem de um egoísmo calado, na aparência que contorna o design da existência, um design flexível e de plástico, que emoldura e cola máscaras, que retorce e refaz feridas, que maqueia o organismo pulsante em esculturas que permanecem estáticas nas grandes praças, dignas sim, mas verdadeiras nunca. Não há tal coisa que não seja mutável, o movimento implica em ausência. Essa necessidade obscura que é o fim dessa realização maquiavélica da conduta do chá da tarde, é um desvio, um desvio desviado de novo, e de novo milhões de vezes, e que por fim tornam-se deuses, que só nos esmagam diante de uma impossibilidade, diante da mais sútil percepção de que a vida logo acaba, de que a morte é nossa amiga, de que a morte é nossa sombra.O maior dos males é a generalização do como ser, a o seguimento frio das diretrizes do pensamento que é uma quimera duvidosa, mas debaixo dessa criatura todos são iguais, e pobres daqueles que não se limitam à sorrir e acenar. No fim não há uma diferença tão grande entre a pureza e a podridão, que ambas são frutos de uma mesma árvore. Penso que o fim daqueles que recusam-se com força a aproximar-se do que é podre, devem queimar a pele como o sol, e que a vazies dessa vida deve ser tão pior já que sequer compreende o motivo de estar sofrendo cercado de ouro e latas e cercas de titânio. Donde vem a lança que me acerta - é a pergunta, se estou forrado de armaduras?
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