Poesia Entoada
Glória
Glória
De passos últimos de uma raça
Antes da fúria
Fúria que culmina
E arrebata
Destruirá
Destruirá!
E retornará a destruir a singela matéria
Potencial que não se pode ver
Potencial que não se realiza em totalidade
E mantêm-se em conflito
E se estende para dentro e para fora de tudo
E alguns
E alguns...
Do fundo de sua calma
Esperariam para sempre
Durante todo o espaço possível que se faz numa vida
Nada dizer
Único momento sem o qual qualquer certeza se apaga,
depois do qual qualquer coisa não é
Porém
Ousaremos sonhar!
Mesmo que tudo isso não leve a nada
Mesmo que sejamos como pó
Em um frasco passageiro
De insignificância e nada
Quem em toda a eternidade ousaria rever todos os dias que
já passaram
Quem? Já que nenhum deles é nosso de fato
E todos estão em silêncio
E todos permanecem sem estremecer
Medo que me abala e me golpeia...
Escadarias que construi em delírio para alçar vôo
Impulso descomunal que fora alavancado
Numa reviravolta imprecisa de caos e ordem
Na polarização natural da vida
E esse caminho tão duro
E tão cheio de si
Formulado sobre fundamentos que exigem-se a si ser
A matemática de um infinito
Que nunca deixa de rolar para fora
De vazar para as profundezas de um abismo invisível aos
olhos
E a natureza fixa e contingente dos corpos
E nós Humanos
Ainda em discussões com sombras
E tristes assassinatos de antigas premissas
Contando nos dedos
E sentindo nas costas
O peso de tantas mentiras
Uma única só pessoa entre todos os arranha céus insiste
em gritar
O ar que expulsa as pressas do pulmão
Como quem se afoga de seu próprio organismo
E sabe
E sabe, sem nunca ter tocado nenhum momento o divino
Em toda a solidão do real
Que a frustração nasce da única pergunta
Por que hei de perecer?
Um espaço para mim
E antes tudo
E depois tudo
E meu nada particular que será alimento para vermes
ordinários,
E nunca
Nunca será lembrado!
Pois o tempo é o deus que corre junto aos relâmpagos
E o homem um discurso de décadas
Então
Então...
O que mais tem-se a dizer?
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