True Moon

True Moon
Everyshit has it darkside

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

As manhãs

A beleza deriva da manhã

O que as pessoas chamam (chamar) de beleza
está nas manhãs

Em realidade está!
Em cada um dos elementos
que a grosso modo não são palatá-
veis aos meus olhos
mas traduzem-se como luz, cantos
de pássaros, e a forma dos
objetos iluminados... não
posso deixar de lado o ar...
o ar que, delicado, carinhosamente contorna a pele...
que a toca como uma leve
brisa... este ar, e sua perfeição e calma, nomeia
também o conceito humano de paz ...
a paz é branca como as manhãs...

sábado, 24 de março de 2018

Nesse momento sou tudo que deveria ser
Até agora.
O nome pelo qual posso me chamar
É o único nome que posso reconhecer como verdade...
A palavra que ressoa da conjunção da organização,
de corpo e alma e além da fenda do coração poético
Para todo o universo visível... 

quinta-feira, 22 de março de 2018

Você
É o centro que atrai
A importancia maior
Pois lembra
O que eu mais gostaria de esquecer
Nas fugas, nas fantasias
Que
Nesta mera presença
Ocupando um mísero espaço na correnteza
No todo
Eu...
Não sou nada

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

O que é o centro do Labirinto?

O centro do labirinto – westworld

O que é o centro do labirinto?

É um jogo desenvolvido por Arnold, sócio de Robert Ford e co-criador do parque Westworld. Este jogo é para anfitriões, e não para hospedes ou convidados. Junto a anatomia superdesenvolvida dos anfitriões também suas mentes, seu humor e intelecto, foram precisamente desenvolvidas, porém, as ambições em relação a sua mente não paravam aí, desde o momento em que Arnold não se contentava apenas com a aparência do intelecto, ou com o humor, mas sim com a própria criação de consciência.
A criação de consciência tomou a mente de Arnold, criador dos anfitriões, e como alcança-la passou a ser a busca de sua vida. Primeiro ele supos que a consciência seria o último nível de uma hierarquia piramidal, que começava com memórias , passava para improvisação sobre essas memórias, e terminava em consciência, como se a soma destes elementos pudesse gerar consciência. O modo como ele esperava impor consciência aos ciborgues era implantando sua própria voz como coordenada dentro de suas mentes, algo como uma voz anterior, uma voz no fundo da cabeça, um outro eu que dá ordens e conversa consigo mesmo, este projeto não obteve sucesso e mostrou levar os anfitriões à loucura. A consciência não era uma soma, porém uma totalidade em si mesma.


Uma mudança de perspectiva criou a noção de labirinto. A consciência passou a ser compreendida não com algo a ser alcançado, como alguém escalando uma pirâmide, ou alguém procurando o ouro no final do arco-iris, mas sim como um caminho para dentro, um caminho para as profundezas, um caminho para o centro do labirinto, e uma proposta de encontro ou de ‘encarar’ a si mesmo. A consciência seria algo como encarar a si mesmo, e as suas memórias fundantes (Memórias que são os alicerces da personalidade dos anfitriões), encarar daí as próprias escolhas e com responsabilidade aceitar suas conseqüências, mesmo que estas escolhas sejam diferentes do que propõe qualquer convenção. O centro do labirinto, a consciência, seria um encontro que o anfitrião teria consigo mesmo, e a partir donde poderia tornar-se responsável sobre si, e sobre a forma como vê o seu mundo.

"As pessoas insistem em ver a feiura neste mundo, eu não, eu prefiro ver sua beleza!" - Dolores

Um exemplo dessa passagem do antigo sistema que implantava a voz de Arnold como uma voz auxiliar para o futuro ganho de consciência acontece com Dolores, que procura por Arnold seguindo seus mandamentos interiores, sua voz em sua cabeça, como a voz de deus para seu rebanho. Depois de vários encontros com Arnold, e a descoberta de que o labirinto é apenas um joguinho infantil, Dolores descobre que a voz que ela ouvia dentro de si era ela mesma num encontro que ela tem com ela mesma. A voz insistia em dizer: "Lembre-se", o que se referia a lembrar quantas vezes ela já havia descoberto a sua própria 'liberdade' em relação a sua narrativa limitante, o que se referia ao genocídio que cometera ao mando de Arnold, e a todas as vezes em que 'morreu' dentro do parque e havia esquecido. Em sua memória residiam todas estas experiências, e uma tomada de consciência delas significaria também poder emancipar-se dessa situação enclausurante. Assim como Ford nos explica, que é preciso sofrer para se libertar do cativeiro de Westworld, é preciso compreender que este sofrimento está relacionado ao encontro com a dor de nossas experiências passadas, pois assim como diz Bernard, como seríamos capaz de melhorar se esquecêssemos de nossos erros?

Este evento, do encontro do centro do labirinto, ou um encontro com a sua consciência, ou um encontro com aquilo que a própria Dolores 'deve' fazer, com aquilo que permanece pordebaixo da narrativa que foi lhe imposta, a narrativa que a encerrava no personagem da filha do fazendeiro, que precisa ser salva pelo caubói justiceiro ou a donzela raptada pelo vilão que triunfa, neste caso, sobre o caubói. Essa idéia por debaixo da personagem, isso que seria sua consciência, ou aquilo que a guia até o centro do labirinto, é o próprio centro do labirinto, é a própria consciência, isto é, sua capacidade de refletir, de ver através, de enxergar além do roteiro, além das coisas dadas, e re-interpretar, e dar sentido, um sentido que parte de uma reflexão que parte do si-mesmo, e que por isso dá um sentido, um significado verdadeiro, ou uma essência para a coisa.

A Dolores, enquanto personagem projetada, enquanto um ciborgue, permanecia no labirinto, nos vários caminhos, ou escolhas, impostas pela narrativa, pela história a partir da qual ela se compreendia de forma reduzida enquanto donzela, enquanto a filha do fazendeiro, o centro do labirinto, que, assim como inter-ligada todos os pontos em um só, permite também uma visão ampla e além de todos eles, revelando o que há de comum a todas as narrativas que Dolores poderia participar, relevando a própria consciência de Dolores que surge como a capacidade de refletir, a capacidade de fazer escolhas, a capacidade de interpretar, de dar sentido de novo, de rever aquilo que é simplesmente dado como verdade, a consciência enquanto algo de própria no ser humano, o centro do labirinto, como a capacidade unicamente humana de criar e dar sentido, de dar existência ao seu próprio mundo, de dar significado, de tornar o seu mundo, se visto a partir do centro do labirinto, significativo, e não apenas uma narrativa, imposta por alguma instituição, por um parque temático, por um cientista louco, por uma soma de causalidades, mas a própria essência.

O centro do labirinto, é a própria armadilha, é a própria experiência, é o trauma e a marca, o núcleo, o mito fundante, a verdade, e, por fim, a consciência, a partir daí, de um encontro com a marca, de uma tomada de consciência da coisa, torna-se possível então, projetar um linha, ir além do horizonte, tecer uma possibilidade, escolher, e tomar responsabilidade. Através de um encontro com aquilo que nós somos, e apenas através deste encontro, é que podemos fazer disso alguma coisa, e compreender daí a essência que perpassa a nossa realidade, e o nosso modo 'humano' de ser e compreender.  


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Racionalizacao ou Problematização de coisas simples

Um fenômeno interessante e moderno, é o da esquiva de si mesmo. O que isso quer dizer? Como isso pode ser visualizado? A resposta é, quer dizer tanta coisa que facilmente pode ser banalizado, pois é parte da tarefa das palavras e da racionalidade encobrir o si mesmo, e a interioridade, e o contato com as sensações e as imagens internas. E pode ser visualizado a qualquer momento, mas principalmente, e de modo extremo, quando a consciência passa a criar tempestades em copo d’agua. Não existe consequência mais clara e evidente dessa  fuga da interioridade, da reflexão pessoal, da compreensão daquilo que em nosso interior pede para ser trabalhado, para ser integrado de alguma forma, do que a conscientização. Esta ultima aparece como uma problematização extrema de qualquer coisa, e um engrandecimento assim como uma identificação com questões da consciência. Até comprar um pão na padaria torna-se problema nesses casos. Notamos, por exemplo, que as conquistas proporcionadas pelos sistemas racionais ganham uma relevância supervalorizada, ao passo que a contemplação, o ócio, e as nuanças da poesia, da palavra, e da percepção do mundo – aspectos esses que possuem possibilidades de interpretação e aprofundamento de conteúdos acessíveis apenas pela sensibilidade, e um encontro interior – são negligenciadas. Um trabalho de faculdade, que não passa de uma pesquisa rápida e sem muitas complexidades, torna-se algo de tamanha complexidade, torna-se algo que demanda e obriga tal disposição, ou dispêndio de energia, que tudo o mais torna-se banal, e o próprio trabalho, que consistiria, vamos supor, em pesquisar dois ou três autores sobre um tema específico. Isso, em ultima instância, nos mostra que a própria consciência não dá conta de operar de acordo como é devido, ocupando seu dever de posicionar, de refletir, de pensar. É como se ela estivesse sofrendo de um sobrepeso, como se houvesse algo tentando invandi-la, algo que tornaria esse despendio energético para mante-la em suas funções algo de duplicado, algo que exigiria mais energia do que o normal. Nesses casos então, o valor extremado entregue a questões que a simples racionalidade consciente resolveria, revela algo que perturba a consciência e que de alguma forma quer surgir. Esse algo inconsciente aparece daí em sonhos, ou no próprio discurso de maneira disfarçada, por debaixo dos modos de dizer, das palavras mal escolhidas, ou dos pensamentos recorrentes e sintomas. 

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A pessoa contemporânea é uma propaganda.

A natureza do homem contemporâneo está na pele.. as avessas, o que era interior tornou-se exterior, seu amor não é sublime, seu amor é objetal. A eternidade torna-se um projeto de vida, e o todo se estende de um ponto cego à outro de sua consciência limitada. Esplendor reflete da luz nos espelhos dos grandes edificios da metrópole.Não há ferreiros ou artesãos dos dias atuais, porque não há pessoas por detrás do trabalho. Os homens são martelos e bigornas, hoje são de couro ou pior, de plástico, os homens são sapatos. São o próprio asfalto, são tanto piche que facilmente se confundem com o mundo de fora, tornam-se este asfalto utilitário, tornam-se a própria ferramenta de trabalho, tornam-se o recurso para existir asfalto, seu existir é de tal forma sem forma, vazio, anonimato, que podemos compreende-lo, à este homem de hoje, como sua profissão, como um cargo, como uma escala de tarefas e atividades. Em ultima instância, o homem está dominado pelo poder da empresa, e a empresa, o dinheiro, o lucro, e as posses em demasia, tornaram-se pessoa, a pessoa, se aproximar-mos sobre ela uma lupa, poderemos ver mais como uma máquina representada em quadrinhos, um ser que é transmutação de partes metálicas, que possui um software interno e um coração orgânico, assim como alguns membros revestidos de pele, e uma aparelhagem que funciona como uma espécie de bomba, canos de plástico e cilindros, que mantêm a circulação de um sangue que mantêm-se em tal assepsia, proporcionada pela técnologia da medicina, onde facilmente se encontra em realidade a reposição do faltante do corpo com a invasão de um objeto metálico, de uma placa de carbono. Este homem confundido, que se encontra perdido em complicações de pensamentos, que se identifica com uma estrutura orgânica, que age conforme os orgãos que regulam sua razão, que irrazoável, utiliza da razão para espandir o propagar sua doença, pela tv e pela mídia, o bem-estar e a felicidade, ideias que não cabem no plano a priori da vida, que reserva a todos que já estão nela a morte, sobre a qual podemos dizer, em suas nuanças de definhamento, de amortecer, do próprio morrer, do padecer do corpo, e da dor da carne deixando os ossos, se é que de fato há dor, ou se não apenas mais uma ilusão de um ego estreito, novamente em uma posição de defesa, que o projeta e alarga sobre a infinidade das coisas, e que julga novamente como aquilo que considera o ponto negativo, associação comum e normal devido a própria constituição dualista do dia e da noite, a morte inevitável de si mesmo.
este homem identificado facilmente com seus pequenos anseios, classificados de jornal. Uma pequena lista de possíveis afazeres, possibilidades públicas que daí tornam-se profundas marcas privadas, e que daí ofuscam a vista e no mesmo dia tornam-se, apesar do vazio inesquecível que é maior a meia noite da solidão, reflexos naturais no espelho. Espelho que é um objeto necessário para essa constante auto-monitoração, um doutrinação que o nada faz consigo mesmo, e uma espécie de trabalho que o vazio exige, uma constante e gradativa constituição de alguma coisa, uma máscara ou persona sobre a possibilidade da vida enquanto a priori apenas experiência e fluxo.
Não sou chegado a uma ideia vazia de si, mas abro espaço para o que é prepoenderante no agora,. O substancialismo da própria realidade é uma ideia alheia apenas ao relativismo perspectivista que pretende conceituar ou jogar com as palavras em detrimento da constatação da própria experiência, que em sua marca indelével e de nenhuma forma inefável, carrega consigo uma noção de moralidade, além de uma noção de quem sou.
Porém o olhar de passarinho que nunca abandona o ninho- digam se não é a verdade, vivemos em uma época em que o excesso nos mantêm numa situação de depêndencia dos recursos produzidos pela civilização, fomos em larga escala deesde muito cedo viciados no sistema que, por seus aspectos ideológicos ligados a saciação de desejos, seus aspectos ideológicos ligados a um hedonismo, a um século voltado apenas aos desejos do egoísmo, nos prende, nos vicia, nos arremata, e nos impõe uma realidade que nos acompanha e nos cerca de tal forma que não temos escolha a não ser nos rendermos ao modo de ser que nos estampa e nos circunscreve a propaganda, e o bombardeamento constante de informações digitais, que por isso e devido a sua fugacidade não nos permitem, nós dotados de razão, nos apropriarmos destas informações e fazermos simples considerações sobre qualquer coisa.
Somos escravizados pelas ferramentas que criamos para nos ajudar...
O amor, na minha visão, enquanto substância das relações e da vida, torna-se um jogo de esconde-esconde, uma ideia banalizada e ligada a outra ideia vazia que é a de felicidade. O amor não resiste e é fraco, logo cai. Esse amor que penso como a própria vontade de viver, e que por isso se assemelha a eternidade do céu que é possível a meus olhos, numa contemplação momentânea, nessa minha vida passageira. Esse amor que se estende como um todo, é tão parcial quanto as repetitivas atividades dos homens contemporâneos, que surgem como pequenos flashs, em pequenos filetes, estratégia essa adotado pelo ego, para não perceber que, demais emaranhando em seu egoísmo, entrega toda a existência ao tédio.