Analise de personalidade de personagem: Jaime Lannister
"E eu, aquele rapaz que era... quando será que ele morreu, pergunto-me. Quando pus o manto branco? Quando abri a goela de Aerys? Aquele rapaz que queria ser Sor Arthur Dayne, mas em algum ponto ao longo do caminho transformou-se no Cavaleiro Sorridente" (A tormenta de espadas, As cronicas de gelo e fogo livro três, Jaime)
Acho que essa é uma boa introdução pra dissertar e lhes passar, se eu for apto até o final do monólogo, a impressão que o Regicida me passa.
Primogênito de twyn lannister, irmão gêmeo de Cersei Lannister, rainha de westeros, levando em conta o tempo-espaço e que se desenrola a estória no momento da reflexão do Jaime ali de cima.
Como sabemos, ou poucos sabem, custei eu saber, na verdade fiz uma pesquisa antes de começar a escrever aqui.. aos 15 anos foi nomeado à guarda real, os protetores da figura do rei, não só da figura mas também do ser em si, mas não confundamos estes cavalheiros com curandeiros/psicólogos. O rei é o rei, louco ou não, tem de se manter protegido e vivo, seu governo são suas leis, a estrutura gira em torno de um esquema estipulado pelo próprio. Caso este morra por assassinato, no caso de ser desbancado por rebeldes, ocorre então uma revolução copérnica na superestrutura do reino, na maneira de relação entre os 7 estados. Apesar de que os costumes são muito distintos em cada uma das regiões de westeros, nem de longe podemos desconsiderar a influência que a personalidade do rei tem sobre as demandas que o mesmo faz.. é exatamente pelo caminho que tem que guiará o povo seus súditos.
Nessa breve conceituação sobre o valor que a personalidade, ou seja, a objetividade da subjetividade, de cada governante, notamos então que nem sempre o eleito, eleito pelos vassalos numa guerra contra poderes que foram derrubados, numa espécie de instituição de novo poder, ou, na maioria dos casos, aquele que por sorte ou desgraça vem a ser o próximo na seleção do trono, é um stark (honroso, escrupuloso) ou um baratheon (festoso, libertino), isso depende da agudeza de certas qualidades que mostram-se favoráveis em determinadas situações, qualidades distintas, repetindo novamente, e que de nenhum forma podem vir a ser julgadas se não por aquele que é o dono do poder em si, poder total e absoluto(poder que permite a construção de uma maneira de reger todos os homens, os distribuir, os questionar sobre o que deve ser e o que não deve, de toda e qualquer forma), o próprio rei, ou seja, apenas o rei tem poder sobre si mesmo, seu absolutismo consiste em ser o único que pode pensar sobre as próprias decisões, apesar da influência do conselho, a decisão provém das sinapses reais, seus paradigmas.
O que formula os pensares desse rei, apesar de ser tão poderoso, são os estimulos que pressionam o modulam sua alma, sua alma também esta em constante troca com o externo, ela recebe e também joga pra fora, essa troca é a garantia da existência, tudo aquilo que não pertence a esse movimento energético pertencente a tudo que é, automaticamente deixa de existir, ou seja, torna-se inconcebível, por não permitir a troca, não possuir a capacidade de expressão e retenção.
Jaime Lannister recebia estimulos do antigo rei targeryan, qual ele mesmo assassinou. Recebia também de todo o espaço, e possuía, por ser capacitado de uma lógica, de um poder racional, de uma alma, de um corpo, pensares próprios, que construíram-se dentro de si mesmo através da troca com o externo, e da troca consigo mesmo, assim a episteme, o saber próprio se formula..
Diante de um rei assassino(de jaime para rei, não de rei para jaime) seus juízos gritavam contra uma questão que levantava um parecer que pairava sobre sua mente desde todo o sempre, a questão é a seguinte: O que é honra? O que é ser fixo? O que é lealdade? Tudo isso contra um rei considerado insano por ele mesmo. Sua mente deslizava entre dois extremos: Ser leal é ser justo com a promessa.. mas presenciar assassinatos diariamente é ser justo? Se, de acordo com uma análise racionalista sobre um assassinato em questão, este, quando atingir a coerencia de todo o racíocino sobre ele engendrados, coerencia essa que consolida o fato de que não foi atingida por só um julgante, vir a ser um ato de covardia e de injustiça, ou seja, um ato injustificável, ponderando as afirmativas(se roubou, se matou, vai morrer porque? porque não vai ficar vivo?), então Jaime encarando tais verdades, e seguindo o fluxo de uma rebelião que terminaria com sucesso, não poderia deixar de executar aquilo que achava correto, já que em pensamento Jaime confirma que gostaria de ser como Arthur Dayne: Honroso, virtuoso, VERDADEIRO!
O maior problema que jaime encontra depois de tal execução, é a ignorancia. Esta o transforma aos poucos no Cavalheiro Sorridente pois, Jaime percebe a fragilidade e a incapacidade de uma existência real daquilo que seus ídolos chamavam de honra, honestidade... qual, se torna evidente, só funciona como um lembrete ou, poderia dizer, uma crença para tornar as coisas funcionantes. Digo crença porque o que eu quero dizer é que é um pensamento não fundamentado, o conceito é explanado, caligrafado, mas não alcançado. Tal ideia carrega consigo uma gigantesca estrutura lógica, inalcançável para aqueles que não se detêm a vivê-la, a pensar sobre ela.. Sor Osmund é um exemplo de homem que não atingiu tal pensamento, ai esta a diferença entre um mercenário e um cavalheiro... cada qual com sua substância/qualidade de pensar, não existe bagagem, estruturação de raciocinio, ou seja, de como se encara a realidade como um cavalheiro em um mercenário...
Podemos dizer então que Jaime não atendeu a altura, às capacidades necessárias, de um cavalheiro da guarda real.. sua dinamicidade de pensar assemelha-se mais a de um rei, este um que tem poder sobre a realidade, julga através de si mesmo, realiza através de si mesmo, do que de um cavalheiro obediente, podemos dizer honrado.. porque honra é uma constante que não se altera de dentro pra fora, mas de fora pra dentro.. é comparando aquilo que faço com aquilo que deve ser feito que sou reconhecido por ser honrado e correto..
Infelizmente os homens desorientados e ignorantes encontram em objetos fixos que exteriorizam a justificativa de ser, desconsideram esses que ser é modulação, construção, nunca foi absoluto, a todo tempo se fundamenta...
Acredito eu que Jaime Lannister é um desses que nota a incapacidade e a inocência de uma postura honrada quando estamos lidando com coerencias, consensos, não orgulho e centração.. mas abstração e lógica..
Entre agir de acordo, acordo atingido através de raciocinios, mesmo que estejam esses entregues a um modelo de pensar, no caso o de Jaime, Jaime não esta sozinho no mundo, esta imerso num tempo-espaço, qual possui cultura, ordem e etc.. isso tudo condensa a forma de interpretação dos fenômenos..
Entre o dever... aqui esta a culpa.. ser participante da guarda real é ser um protetor do rei, nada mais! Juramentado assim, isso justifica a vida do cavalheiro da guarda real, negar tal dever é negar o próprio existir.. mas não existe uma relação de ser para ser aqui, existir é estar vivo, estar vivo é ser individuo, ser sociedade, ser ambiente, tudo se conecta e se forma naquilo que somos. Mas assim como trabalhar no açougue é uma capacidade de certos seres, pode também ser destes a capacidade de tocar violão.. e mesmo assim isso não os justifica por completo.. o que é, é o que é em si, nunca se reduz aos atos da potência apenas.. mas a uma junção de todas as causas, principios, essência, e efeitos, ações, pensares, que engendram o ser. Nesse caso a relação de Jaime com a guarda real é mais uma das ações que de certa forma o significam parceladamente, mas não o justificam... Saber isso é saber porque Jaime Lannister vive em conflito com a maneira que é tratado pelo povo de Westeros e os pensamentos que tem sobre si mesmo..
(Continua)
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