True Moon

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Everyshit has it darkside

quarta-feira, 20 de julho de 2016

o egoísmo é uma fuga de si mesmo

O egoísmo é o templo onde se alimenta do que insiste em assegurar como você mesmo.

A lógica do sistema do consumismo é individualista, pois obriga o sujeito a comprar a realização do seu desejo individual, obriga o sujeito a comprar e formular sua personalidade. Como alguém que escolhe a cor de onde vai morar, o modelo do que vai se locomover, e o formato daquilo onde vai aconchegar a bunda.

Nesse sistema falar sobre suas próprias experiências para os outros é algo no sentido de não estar ‘bem resolvido’, mesmo quando bem sabemos que em circunstância nenhuma se está totalmente satisfeito com qualquer modo de viver que se possa escolher. Até por isso se escolhe, pela diferença. A escolha é a afirmação da possibilidade, e a abertura da possibilidade é o vir a ser da ausência.
O remédio moderno é a saída do ponto crítico. O homem alienado à tudo isso que lhe dopa é também o homem feliz, isto é, submetido, à sombra de um objeto colorido. Este não respira e esgueira-se na vida, vive mitigando vícios e silenciado, o mundo para este está amortecido, formatado e muito bem correto já que, em sua ignorância arbitrária, tem o mesmo cheiro do seu halito, a mesma textura da sua pele, as cicatrizes de seu templo de corpo.

Você que fala sozinho, sofre calado a gosto de açúcar ou embriagado, e lá fora vagabundo que falam demais envergonham-se por sofrer. Pensam estes estarem cegos por não ver o amor, doentes de um vazio de alma, enquanto riem de canto de boca aqueles charlatões de muita riqueza que entenderam a piada. Superficial. Estes últimos que alimentam-se na fonte das convenções, estes que possuem a mente oca onde intermitentemente ecoam as diretrizes de um senhor qualquer, um aproximado do ouro de tolo, um grande enganador de fala mansa que os carrega à uma suposta luz em chamas, a preço de um sofrimento para qual teus sentidos estarão sempre fechados. Esse é o segredo do ‘vazio interior’: estar vazio mas não dizer do que. Enquanto passam fome três quartos.

A ignorância tem grande parte nisso tudo, pois ela é o ato de tornar inacessível a causa dos grandes problemas. A ignorância é a impossibilidade da resolução, e o surgimento do fato problemático. Enquanto se ignora que se tem demais enquanto alguns dormem nas ruas e passam frio e fome que tipo de consciência almeja-se? Uma que vê o rosto humano em farrapos e não reage... A ignorância é um mal para a sobrevivência, pois ignorar o sofrimento é sofrer calado e morrer aos miúdos.


Gritando em sua loucura solitária num coração desolado e sem força de vontade, implorando além do limite da carência, já prostrados na conduta do irreparável e do inaceitável, enlouquecendo mais uma vez no breve momento de sensatez que aceitara a evitação, como único caminho possível não só para suportar o cotidiano, mas também a si mesmo no paradoxo do infinito, no estar vivo sem razão, a verdadeira causa do insuportável que reside na eterna presente ausência de cada uma das coisas.

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