True Moon

True Moon
Everyshit has it darkside

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

cidade grande...

I

Como a cidade é grande...
As palavras nas placas são tão diferentes  de mim.
O que eu sou? De que matéria é feito meu ser, que palavras descrevem o escuro do meu interior? Será que plaquinhas ou rótulos de papel estão pendurados em meus órgãos?

Há um eco bem humorado falando comigo, meu grilo minha consciência
Lembrando sempre que apesar da velocidade da roda, e do banco do carona que me deixa boiando no tráfego, ainda insisto no mundo do planeta terra.

Carro corre deslizando no asfalto rompendo a barreira do vento depois do mundo onde sou apenas enquanto fazendo tudo que acredito
Acredito na casa, na porta, na tranca, no banco, no plástico
E no vidro que, como a fala transparente, antes do agora reflete a antiquada fabula da estória de eu.

Por isso não devo me desculpar pela culpa
Culpa imensurável de ser compelido
Compelido à aparentar e mentir nada mais nada menos
Que isso tudo num momento só
Onde só penso, falo, escrevo, sou
Um erro
Um erro acertado com uma dívida
Uma dívida desde o começo até o fim disso
Disso que não é só vida, ou não deveria ser
Ser algo inexplicável como alguém que não vejo
Como alguém que sou mas não sei quem é
Mas com quem discuto e escolho
Escolho pelo não mesmo
O mesmo que nega afirmando que sim
O sim que é eco na brevidade medida
Medida de um sonho na régua
Da existência já quase no fim

II

As ruas são longos lugares sem fim
Nelas não importa onde esteja
Nunca está

Pessoas indiferentes
Não são ninguém, pois ninguém os conhece
Um mar estranho, um cardume de gente
Sardinha de uma marca importada, no máximo.

Dentro de casa me fecho entre paredes e ligo a tv, pra ver se escuto alguém
Mas não escuto nada
Não falam comigo
Nem com ninguém, eu suponho.

Culpo uma rotina mal pensada
Deito pra tentar imaginar algo diferente do nada
Mas nada e nada. Nada acontece

Da pra matar o tempo jogando
Conhecer gente que também não se conhece
Tentando tornar a vida uma vida
Nessa montanha no vale de nadas

Da vida normal num apartamento escroto e frio
Num prédio velho no centro de uma cidade onde ninguém toma um chimarrão
Parece que aqui não tem ninguém
Parece que não pensam em nada, mas que bosta. Pra onde foi a imaginação?

Todos os filmes e músicas são iguais, eu não vejo alguém inventando
Quer saber, vou inventar
Mas logo vão perguntar por onde estou andando, e estranho me olhando

Ñ sou do padrão nessas horas, na certa
Mas se na minha cara tivesse colado o selo da Disney
Eu seria um bom ator
Mas nunca tive dom pro teatro
Mas também foda-se se voc tem status.



quarta-feira, 3 de agosto de 2016

o mar do completo

Imaginação
Córrego do banho idílico
Imaginação
Fonte do possível

Atalho para o recomeço, e um deleite de palavras tornadas tão palpáveis quanto os olhos atentos ao éter
Que venha à vida esta criatura horrenda por negar a lei suprema e a servidão,
Por acreditar no ponto crítico de uma alma passageira
e sem deixar cair na beira jogar-se de uma vez no abismo

Onde a carne regozija,
Onde o amor é fruto que se colhe sem dó
Qual engole, qual mastiga, qual saliva
Onde o vermelho é a cor da pele
Onde não se discrimina e banha-se de absoluto

No poço da eternidade
Onde melancolia é o negar a irrealidade das almas que se interpenetram em completude
Água amarela e densa

Vivo sempre ao lado de quem não posso negar que amo
Amo por dividir o coração
Amo pois a dor que te causam é minha