True Moon

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Everyshit has it darkside

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Deambular bêbado x potencia de vida


É uma confusão comum hoje encontrar jovens afirmando liberdade e ausência de ódio e preconceito em círculos de encontro regado a álcool. Confunde-se certamente liberdade com um libertinismo com uma pitada de hedonismo. É característico dessa ideia uma fixação pelo mundo e pelo meramente sensível, o que é uma pena se isto se estender para todos os casos, já que durante muitas eras a dança se assemelha ao vento, e o vento é o sopro da alma, que dança na ponta dos dedos do espírito, que está na ponta da língua do poeta - e suas palavras estão enraizadas debaixo do solo, são seiva de uma árvore que cresce e floresce vida, dia apos dia, verso apos verso, cada um com a qualidade de um afeto.
Bares, ruas, galpões com música alta.. Todos e qualquer um ali em permanente ligação, parados entornando e entupindo-se de nada. Cobrindo a imaginação, sufocando a vontade de vida. A graça é um culto a demência, e na maioria das vezes a amizade nestes casos foi esvaziada. Os laços são como a cor amarelada do que bebem - do que bebem sem gosto ou intenção - e transparente. Fato que repetem numa ausência de sentido que não permite o pensar depois, que recua o pensamento, que com o tempo destrói qualquer possibilidade creativa, que com o tempo cala a vida, numa compulsória necessidade, como se um gosto fosse o fim de tudo, se tudo pudesse se calar ali naquele momento - e pobre dos que resolverem rebelar-se contra essa repetição, pois estes serão tratados como aqueles que possuem tudo de pior, ou melhor, tudo de contrário, como é um herege aos olhos de um religioso fanático.
Nenhum sabe de si, e nenhum quer saber. Estão todos surdos, as sensações passam batidas, guardamo-nas debaixo do tapete, assim como aquilo que causa problemas e a própria dor que se converte em ataques de agressividade demenciais, ou surtos de risos numa ausência completamente de qualquer coisa, numa espécie de ruminação ou economia de um sofrer latente.
Todos direcionados para uma morte, um calar-se. É característico também o relativismo, e noções ocas de bondade. Noções que não medem aquilo que realmente faz bem, mas que se escoram na quantidade reduzida de possibilidade oferecida pelo mundo. Pois bem, se a liberdade pressupõe a noção de um mundo factual, esses casos de pretensa liberdade afogados na praia do álcool são totalmente seu oposto. É possível quantificar numa planilha um grande número de emoções.. até um grande número de sentimentos. É também possível quantificar ou pensar sobre o fundamento de vários vínculos que sustentamos, assim como os motivos racionais de estarmos próximos de alguém, se algum deles envolver essa atividade de permanecer na rua bebendo ela está em segundo plano. Nunca pensamos que é a partir desse mundo regado a vícios químicos donde brotam nossos amores, sempre se pensa ao contrário.. que os amores levam-nos a variar em opções de passeio, não de vícios!
Porém o homem que está perdido, este está morto. A meu ver a morte é apenas mais uma imagem de nossa vida inconsciente, e o homem tende a se identificar ou tomar seu lugar - o homem tende a morrer-se nela - quando sucumbe ao desespero, a angustia fatal! Quando se vê sozinho, quando descobre seu fim inexorável. Este homem que morreu-se em dionísio não é ninguém, apenas uma espécie de canal. Uma marionete que está inclinada de acordo com um maestro. Nesse caso podemos pensar como ideologia, entendendo isto como um conjunto de ideias que coordena e direciona o ser para um determinado caminho. 
O que, então, nos resta diante da visão do abismo? A potência de.vida é um escape - ela é uma fuga! Algo de muito mais imbecil que um.enfrentamento de peito aberto, um transtorno regressivo. No seguinte sentido: é algo visto de fora como uma covardia! Comparado com a tônica da coragem que é motivo de orgulho entre os homens. Essa fuga sorrateira é também a negação das virtudes. Não uma queda ao contrário do moral, uma vai e volta entre extremos - não pensemos em termos lineares. Mas o imoralismo, mencionado pelo filósofo... A potencia de.vida insinua a sí mesma! E, inocentemente, reconhece dentro de si mesma o caminho. A vida, o próprio ato de viver, o mito possível de uma vida real, desmistificada dessas noções vinculadas as coisas, dessas noções costuradas aos atos, dessas figuras cheias de honrarias penduradas no pescoço das ações, desse culto à mediocridade transvestida de intenções de quem tem os olhos abertos para o sopro agudo do espírito! Por fim. a vida se reflete no espelho. 
Ai está! Isso não pode ser comparado a nenhuma atividade que vocês todos praticam e estão habituados a conviver em silêncio na superfície de tudo.

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