Hoje a demência não é um transtorno subjacente ao social,
algo de oculto e obscuro que se esconde com todas as forças, mas algo de
louvável para todos, e exposto como realidade possível. Ela é sintoma quando
expressa na arte que expõe a sobreposição de sons delinquentes, e sem pretensão
de conexão entre si, barulhos sem nenhuma linearidade matemática, numa
arritimia anacrônica, e é realidade, no sentido de invadir o modo de vida,
quando ela se apresenta no fulgor da vida, nas relações visíveis, nas apresentações
do homem em praça publica, nas interpretações da natureza, e no próprio modo de
ser. Vemos sorrisos repletos de mentira que amam apenas pela necessidade de uma
carência emocional, numa filosofia vigente de uma ausência plena de tudo, e
nessa insanidade particular de cada um, nenhum é ninguém, e todos estão sendo
invadidos. Há uma quantidade tão grande de variáveis sobrepondo-se, informações
de todas as mídias que em várias cores criaram das espécie selecionadas quimeras
irredutíveis a suas essências, nada há mais de puro, e nada há mais de maligno,
o mal está transvestido de bondade. Uma inocência incoerente é a única arma
desse novo homem que aceita tudo e está em queda livre de valores e de qualquer
nitidez, não há de fato um fato. E tudo é tão banal quanto as pequenas escolhas
brilhantes que nublam a realidade de coisa nenhuma em todas as repetições de
subjetividades que nunca se encontram mas que são a mesma diante da luz central
de uma idéia de singularidades vazias. O niihilismo tomou conta e varreu a
possibilidade de qualquer coisa, nada é religioso pois nada é vivo, os corações
não pulsam mais, e o caos é um apelido que se dá para o vazio completo que se
assemelha ao nada, e que por isso sequer tem nome ou discurso. Ninguém começa
por lugar nenhum, pois todos os começos estão terminados, e é na miséria que se
vangloriam todas as almas, na miséria de si mesmas, no reflexo fugaz de uma
pequena chama que sente-se alguma coisa, não pelo que criou ou pelo que mudou,
mas pela reprodução automática de um esforço, um esforço que, como todos podem
ver, não é nada.
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