True Moon

True Moon
Everyshit has it darkside

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

O que é o centro do Labirinto?

O centro do labirinto – westworld

O que é o centro do labirinto?

É um jogo desenvolvido por Arnold, sócio de Robert Ford e co-criador do parque Westworld. Este jogo é para anfitriões, e não para hospedes ou convidados. Junto a anatomia superdesenvolvida dos anfitriões também suas mentes, seu humor e intelecto, foram precisamente desenvolvidas, porém, as ambições em relação a sua mente não paravam aí, desde o momento em que Arnold não se contentava apenas com a aparência do intelecto, ou com o humor, mas sim com a própria criação de consciência.
A criação de consciência tomou a mente de Arnold, criador dos anfitriões, e como alcança-la passou a ser a busca de sua vida. Primeiro ele supos que a consciência seria o último nível de uma hierarquia piramidal, que começava com memórias , passava para improvisação sobre essas memórias, e terminava em consciência, como se a soma destes elementos pudesse gerar consciência. O modo como ele esperava impor consciência aos ciborgues era implantando sua própria voz como coordenada dentro de suas mentes, algo como uma voz anterior, uma voz no fundo da cabeça, um outro eu que dá ordens e conversa consigo mesmo, este projeto não obteve sucesso e mostrou levar os anfitriões à loucura. A consciência não era uma soma, porém uma totalidade em si mesma.


Uma mudança de perspectiva criou a noção de labirinto. A consciência passou a ser compreendida não com algo a ser alcançado, como alguém escalando uma pirâmide, ou alguém procurando o ouro no final do arco-iris, mas sim como um caminho para dentro, um caminho para as profundezas, um caminho para o centro do labirinto, e uma proposta de encontro ou de ‘encarar’ a si mesmo. A consciência seria algo como encarar a si mesmo, e as suas memórias fundantes (Memórias que são os alicerces da personalidade dos anfitriões), encarar daí as próprias escolhas e com responsabilidade aceitar suas conseqüências, mesmo que estas escolhas sejam diferentes do que propõe qualquer convenção. O centro do labirinto, a consciência, seria um encontro que o anfitrião teria consigo mesmo, e a partir donde poderia tornar-se responsável sobre si, e sobre a forma como vê o seu mundo.

"As pessoas insistem em ver a feiura neste mundo, eu não, eu prefiro ver sua beleza!" - Dolores

Um exemplo dessa passagem do antigo sistema que implantava a voz de Arnold como uma voz auxiliar para o futuro ganho de consciência acontece com Dolores, que procura por Arnold seguindo seus mandamentos interiores, sua voz em sua cabeça, como a voz de deus para seu rebanho. Depois de vários encontros com Arnold, e a descoberta de que o labirinto é apenas um joguinho infantil, Dolores descobre que a voz que ela ouvia dentro de si era ela mesma num encontro que ela tem com ela mesma. A voz insistia em dizer: "Lembre-se", o que se referia a lembrar quantas vezes ela já havia descoberto a sua própria 'liberdade' em relação a sua narrativa limitante, o que se referia ao genocídio que cometera ao mando de Arnold, e a todas as vezes em que 'morreu' dentro do parque e havia esquecido. Em sua memória residiam todas estas experiências, e uma tomada de consciência delas significaria também poder emancipar-se dessa situação enclausurante. Assim como Ford nos explica, que é preciso sofrer para se libertar do cativeiro de Westworld, é preciso compreender que este sofrimento está relacionado ao encontro com a dor de nossas experiências passadas, pois assim como diz Bernard, como seríamos capaz de melhorar se esquecêssemos de nossos erros?

Este evento, do encontro do centro do labirinto, ou um encontro com a sua consciência, ou um encontro com aquilo que a própria Dolores 'deve' fazer, com aquilo que permanece pordebaixo da narrativa que foi lhe imposta, a narrativa que a encerrava no personagem da filha do fazendeiro, que precisa ser salva pelo caubói justiceiro ou a donzela raptada pelo vilão que triunfa, neste caso, sobre o caubói. Essa idéia por debaixo da personagem, isso que seria sua consciência, ou aquilo que a guia até o centro do labirinto, é o próprio centro do labirinto, é a própria consciência, isto é, sua capacidade de refletir, de ver através, de enxergar além do roteiro, além das coisas dadas, e re-interpretar, e dar sentido, um sentido que parte de uma reflexão que parte do si-mesmo, e que por isso dá um sentido, um significado verdadeiro, ou uma essência para a coisa.

A Dolores, enquanto personagem projetada, enquanto um ciborgue, permanecia no labirinto, nos vários caminhos, ou escolhas, impostas pela narrativa, pela história a partir da qual ela se compreendia de forma reduzida enquanto donzela, enquanto a filha do fazendeiro, o centro do labirinto, que, assim como inter-ligada todos os pontos em um só, permite também uma visão ampla e além de todos eles, revelando o que há de comum a todas as narrativas que Dolores poderia participar, relevando a própria consciência de Dolores que surge como a capacidade de refletir, a capacidade de fazer escolhas, a capacidade de interpretar, de dar sentido de novo, de rever aquilo que é simplesmente dado como verdade, a consciência enquanto algo de própria no ser humano, o centro do labirinto, como a capacidade unicamente humana de criar e dar sentido, de dar existência ao seu próprio mundo, de dar significado, de tornar o seu mundo, se visto a partir do centro do labirinto, significativo, e não apenas uma narrativa, imposta por alguma instituição, por um parque temático, por um cientista louco, por uma soma de causalidades, mas a própria essência.

O centro do labirinto, é a própria armadilha, é a própria experiência, é o trauma e a marca, o núcleo, o mito fundante, a verdade, e, por fim, a consciência, a partir daí, de um encontro com a marca, de uma tomada de consciência da coisa, torna-se possível então, projetar um linha, ir além do horizonte, tecer uma possibilidade, escolher, e tomar responsabilidade. Através de um encontro com aquilo que nós somos, e apenas através deste encontro, é que podemos fazer disso alguma coisa, e compreender daí a essência que perpassa a nossa realidade, e o nosso modo 'humano' de ser e compreender.  


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Racionalizacao ou Problematização de coisas simples

Um fenômeno interessante e moderno, é o da esquiva de si mesmo. O que isso quer dizer? Como isso pode ser visualizado? A resposta é, quer dizer tanta coisa que facilmente pode ser banalizado, pois é parte da tarefa das palavras e da racionalidade encobrir o si mesmo, e a interioridade, e o contato com as sensações e as imagens internas. E pode ser visualizado a qualquer momento, mas principalmente, e de modo extremo, quando a consciência passa a criar tempestades em copo d’agua. Não existe consequência mais clara e evidente dessa  fuga da interioridade, da reflexão pessoal, da compreensão daquilo que em nosso interior pede para ser trabalhado, para ser integrado de alguma forma, do que a conscientização. Esta ultima aparece como uma problematização extrema de qualquer coisa, e um engrandecimento assim como uma identificação com questões da consciência. Até comprar um pão na padaria torna-se problema nesses casos. Notamos, por exemplo, que as conquistas proporcionadas pelos sistemas racionais ganham uma relevância supervalorizada, ao passo que a contemplação, o ócio, e as nuanças da poesia, da palavra, e da percepção do mundo – aspectos esses que possuem possibilidades de interpretação e aprofundamento de conteúdos acessíveis apenas pela sensibilidade, e um encontro interior – são negligenciadas. Um trabalho de faculdade, que não passa de uma pesquisa rápida e sem muitas complexidades, torna-se algo de tamanha complexidade, torna-se algo que demanda e obriga tal disposição, ou dispêndio de energia, que tudo o mais torna-se banal, e o próprio trabalho, que consistiria, vamos supor, em pesquisar dois ou três autores sobre um tema específico. Isso, em ultima instância, nos mostra que a própria consciência não dá conta de operar de acordo como é devido, ocupando seu dever de posicionar, de refletir, de pensar. É como se ela estivesse sofrendo de um sobrepeso, como se houvesse algo tentando invandi-la, algo que tornaria esse despendio energético para mante-la em suas funções algo de duplicado, algo que exigiria mais energia do que o normal. Nesses casos então, o valor extremado entregue a questões que a simples racionalidade consciente resolveria, revela algo que perturba a consciência e que de alguma forma quer surgir. Esse algo inconsciente aparece daí em sonhos, ou no próprio discurso de maneira disfarçada, por debaixo dos modos de dizer, das palavras mal escolhidas, ou dos pensamentos recorrentes e sintomas. 

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A pessoa contemporânea é uma propaganda.

A natureza do homem contemporâneo está na pele.. as avessas, o que era interior tornou-se exterior, seu amor não é sublime, seu amor é objetal. A eternidade torna-se um projeto de vida, e o todo se estende de um ponto cego à outro de sua consciência limitada. Esplendor reflete da luz nos espelhos dos grandes edificios da metrópole.Não há ferreiros ou artesãos dos dias atuais, porque não há pessoas por detrás do trabalho. Os homens são martelos e bigornas, hoje são de couro ou pior, de plástico, os homens são sapatos. São o próprio asfalto, são tanto piche que facilmente se confundem com o mundo de fora, tornam-se este asfalto utilitário, tornam-se a própria ferramenta de trabalho, tornam-se o recurso para existir asfalto, seu existir é de tal forma sem forma, vazio, anonimato, que podemos compreende-lo, à este homem de hoje, como sua profissão, como um cargo, como uma escala de tarefas e atividades. Em ultima instância, o homem está dominado pelo poder da empresa, e a empresa, o dinheiro, o lucro, e as posses em demasia, tornaram-se pessoa, a pessoa, se aproximar-mos sobre ela uma lupa, poderemos ver mais como uma máquina representada em quadrinhos, um ser que é transmutação de partes metálicas, que possui um software interno e um coração orgânico, assim como alguns membros revestidos de pele, e uma aparelhagem que funciona como uma espécie de bomba, canos de plástico e cilindros, que mantêm a circulação de um sangue que mantêm-se em tal assepsia, proporcionada pela técnologia da medicina, onde facilmente se encontra em realidade a reposição do faltante do corpo com a invasão de um objeto metálico, de uma placa de carbono. Este homem confundido, que se encontra perdido em complicações de pensamentos, que se identifica com uma estrutura orgânica, que age conforme os orgãos que regulam sua razão, que irrazoável, utiliza da razão para espandir o propagar sua doença, pela tv e pela mídia, o bem-estar e a felicidade, ideias que não cabem no plano a priori da vida, que reserva a todos que já estão nela a morte, sobre a qual podemos dizer, em suas nuanças de definhamento, de amortecer, do próprio morrer, do padecer do corpo, e da dor da carne deixando os ossos, se é que de fato há dor, ou se não apenas mais uma ilusão de um ego estreito, novamente em uma posição de defesa, que o projeta e alarga sobre a infinidade das coisas, e que julga novamente como aquilo que considera o ponto negativo, associação comum e normal devido a própria constituição dualista do dia e da noite, a morte inevitável de si mesmo.
este homem identificado facilmente com seus pequenos anseios, classificados de jornal. Uma pequena lista de possíveis afazeres, possibilidades públicas que daí tornam-se profundas marcas privadas, e que daí ofuscam a vista e no mesmo dia tornam-se, apesar do vazio inesquecível que é maior a meia noite da solidão, reflexos naturais no espelho. Espelho que é um objeto necessário para essa constante auto-monitoração, um doutrinação que o nada faz consigo mesmo, e uma espécie de trabalho que o vazio exige, uma constante e gradativa constituição de alguma coisa, uma máscara ou persona sobre a possibilidade da vida enquanto a priori apenas experiência e fluxo.
Não sou chegado a uma ideia vazia de si, mas abro espaço para o que é prepoenderante no agora,. O substancialismo da própria realidade é uma ideia alheia apenas ao relativismo perspectivista que pretende conceituar ou jogar com as palavras em detrimento da constatação da própria experiência, que em sua marca indelével e de nenhuma forma inefável, carrega consigo uma noção de moralidade, além de uma noção de quem sou.
Porém o olhar de passarinho que nunca abandona o ninho- digam se não é a verdade, vivemos em uma época em que o excesso nos mantêm numa situação de depêndencia dos recursos produzidos pela civilização, fomos em larga escala deesde muito cedo viciados no sistema que, por seus aspectos ideológicos ligados a saciação de desejos, seus aspectos ideológicos ligados a um hedonismo, a um século voltado apenas aos desejos do egoísmo, nos prende, nos vicia, nos arremata, e nos impõe uma realidade que nos acompanha e nos cerca de tal forma que não temos escolha a não ser nos rendermos ao modo de ser que nos estampa e nos circunscreve a propaganda, e o bombardeamento constante de informações digitais, que por isso e devido a sua fugacidade não nos permitem, nós dotados de razão, nos apropriarmos destas informações e fazermos simples considerações sobre qualquer coisa.
Somos escravizados pelas ferramentas que criamos para nos ajudar...
O amor, na minha visão, enquanto substância das relações e da vida, torna-se um jogo de esconde-esconde, uma ideia banalizada e ligada a outra ideia vazia que é a de felicidade. O amor não resiste e é fraco, logo cai. Esse amor que penso como a própria vontade de viver, e que por isso se assemelha a eternidade do céu que é possível a meus olhos, numa contemplação momentânea, nessa minha vida passageira. Esse amor que se estende como um todo, é tão parcial quanto as repetitivas atividades dos homens contemporâneos, que surgem como pequenos flashs, em pequenos filetes, estratégia essa adotado pelo ego, para não perceber que, demais emaranhando em seu egoísmo, entrega toda a existência ao tédio.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Deambular bêbado x potencia de vida


É uma confusão comum hoje encontrar jovens afirmando liberdade e ausência de ódio e preconceito em círculos de encontro regado a álcool. Confunde-se certamente liberdade com um libertinismo com uma pitada de hedonismo. É característico dessa ideia uma fixação pelo mundo e pelo meramente sensível, o que é uma pena se isto se estender para todos os casos, já que durante muitas eras a dança se assemelha ao vento, e o vento é o sopro da alma, que dança na ponta dos dedos do espírito, que está na ponta da língua do poeta - e suas palavras estão enraizadas debaixo do solo, são seiva de uma árvore que cresce e floresce vida, dia apos dia, verso apos verso, cada um com a qualidade de um afeto.
Bares, ruas, galpões com música alta.. Todos e qualquer um ali em permanente ligação, parados entornando e entupindo-se de nada. Cobrindo a imaginação, sufocando a vontade de vida. A graça é um culto a demência, e na maioria das vezes a amizade nestes casos foi esvaziada. Os laços são como a cor amarelada do que bebem - do que bebem sem gosto ou intenção - e transparente. Fato que repetem numa ausência de sentido que não permite o pensar depois, que recua o pensamento, que com o tempo destrói qualquer possibilidade creativa, que com o tempo cala a vida, numa compulsória necessidade, como se um gosto fosse o fim de tudo, se tudo pudesse se calar ali naquele momento - e pobre dos que resolverem rebelar-se contra essa repetição, pois estes serão tratados como aqueles que possuem tudo de pior, ou melhor, tudo de contrário, como é um herege aos olhos de um religioso fanático.
Nenhum sabe de si, e nenhum quer saber. Estão todos surdos, as sensações passam batidas, guardamo-nas debaixo do tapete, assim como aquilo que causa problemas e a própria dor que se converte em ataques de agressividade demenciais, ou surtos de risos numa ausência completamente de qualquer coisa, numa espécie de ruminação ou economia de um sofrer latente.
Todos direcionados para uma morte, um calar-se. É característico também o relativismo, e noções ocas de bondade. Noções que não medem aquilo que realmente faz bem, mas que se escoram na quantidade reduzida de possibilidade oferecida pelo mundo. Pois bem, se a liberdade pressupõe a noção de um mundo factual, esses casos de pretensa liberdade afogados na praia do álcool são totalmente seu oposto. É possível quantificar numa planilha um grande número de emoções.. até um grande número de sentimentos. É também possível quantificar ou pensar sobre o fundamento de vários vínculos que sustentamos, assim como os motivos racionais de estarmos próximos de alguém, se algum deles envolver essa atividade de permanecer na rua bebendo ela está em segundo plano. Nunca pensamos que é a partir desse mundo regado a vícios químicos donde brotam nossos amores, sempre se pensa ao contrário.. que os amores levam-nos a variar em opções de passeio, não de vícios!
Porém o homem que está perdido, este está morto. A meu ver a morte é apenas mais uma imagem de nossa vida inconsciente, e o homem tende a se identificar ou tomar seu lugar - o homem tende a morrer-se nela - quando sucumbe ao desespero, a angustia fatal! Quando se vê sozinho, quando descobre seu fim inexorável. Este homem que morreu-se em dionísio não é ninguém, apenas uma espécie de canal. Uma marionete que está inclinada de acordo com um maestro. Nesse caso podemos pensar como ideologia, entendendo isto como um conjunto de ideias que coordena e direciona o ser para um determinado caminho. 
O que, então, nos resta diante da visão do abismo? A potência de.vida é um escape - ela é uma fuga! Algo de muito mais imbecil que um.enfrentamento de peito aberto, um transtorno regressivo. No seguinte sentido: é algo visto de fora como uma covardia! Comparado com a tônica da coragem que é motivo de orgulho entre os homens. Essa fuga sorrateira é também a negação das virtudes. Não uma queda ao contrário do moral, uma vai e volta entre extremos - não pensemos em termos lineares. Mas o imoralismo, mencionado pelo filósofo... A potencia de.vida insinua a sí mesma! E, inocentemente, reconhece dentro de si mesma o caminho. A vida, o próprio ato de viver, o mito possível de uma vida real, desmistificada dessas noções vinculadas as coisas, dessas noções costuradas aos atos, dessas figuras cheias de honrarias penduradas no pescoço das ações, desse culto à mediocridade transvestida de intenções de quem tem os olhos abertos para o sopro agudo do espírito! Por fim. a vida se reflete no espelho. 
Ai está! Isso não pode ser comparado a nenhuma atividade que vocês todos praticam e estão habituados a conviver em silêncio na superfície de tudo.

domingo, 1 de outubro de 2017

niihilismo

Hoje a demência não é um transtorno subjacente ao social, algo de oculto e obscuro que se esconde com todas as forças, mas algo de louvável para todos, e exposto como realidade possível. Ela é sintoma quando expressa na arte que expõe a sobreposição de sons delinquentes, e sem pretensão de conexão entre si, barulhos sem nenhuma linearidade matemática, numa arritimia anacrônica, e é realidade, no sentido de invadir o modo de vida, quando ela se apresenta no fulgor da vida, nas relações visíveis, nas apresentações do homem em praça publica, nas interpretações da natureza, e no próprio modo de ser. Vemos sorrisos repletos de mentira que amam apenas pela necessidade de uma carência emocional, numa filosofia vigente de uma ausência plena de tudo, e nessa insanidade particular de cada um, nenhum é ninguém, e todos estão sendo invadidos. Há uma quantidade tão grande de variáveis sobrepondo-se, informações de todas as mídias que em várias cores criaram das espécie selecionadas quimeras irredutíveis a suas essências, nada há mais de puro, e nada há mais de maligno, o mal está transvestido de bondade. Uma inocência incoerente é a única arma desse novo homem que aceita tudo e está em queda livre de valores e de qualquer nitidez, não há de fato um fato. E tudo é tão banal quanto as pequenas escolhas brilhantes que nublam a realidade de coisa nenhuma em todas as repetições de subjetividades que nunca se encontram mas que são a mesma diante da luz central de uma idéia de singularidades vazias. O niihilismo tomou conta e varreu a possibilidade de qualquer coisa, nada é religioso pois nada é vivo, os corações não pulsam mais, e o caos é um apelido que se dá para o vazio completo que se assemelha ao nada, e que por isso sequer tem nome ou discurso. Ninguém começa por lugar nenhum, pois todos os começos estão terminados, e é na miséria que se vangloriam todas as almas, na miséria de si mesmas, no reflexo fugaz de uma pequena chama que sente-se alguma coisa, não pelo que criou ou pelo que mudou, mas pela reprodução automática de um esforço, um esforço que, como todos podem ver, não é nada.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O Barqueiro

A imagem é a de um barqueiro (Hades), segurando um cetro, ou uma vara com âmago divino, sobre um barco que aponta para o horizonte, numa planície de mar calma e que se vai ao longe, onde, no fundo, há um ciclone, de uma tempestade que não se aproxima, mas que permanece ali, como um caos nuclear, em oposição a planície constante da eternidade. Neste barco de madeira, há uma imagem de uma sereia, ou mulher, ou anima, ou feminino, preso na frente, como que esculpida na ponta do barco, sua imagem é viva, tem características muito próximas do orgânico, porém mantêm a puerilidade de uma escultura de madeira. Uma lágrima em seu olho esquerdo.

A mensagem é "Os homens  esculpiram a mulher de madeira com muito carinho. É como se ela tivesse alma... por isso seu retrato chora. Porém, o homem é tão voltado para sua arte quanto é para seus objetivos, suas casas e seus artefatos - que o permitem voar e velejar. Sua cultura guarda em cada ponta sua alma. O homem vestiu-se de negro, e identificou-se à morte, seu temor em relação ao fim é inigualável, e sua consciência sobre o inevitável delira em angústia, alucina deuses e imagens, quais lança sobre o mundo sob a luz do cetro de suas pequenas crenças."

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Sem A intenção de tornar Tudo uma Coisa só

Eu vejo os homens, vejo o que é chamado de ser humano, eu vejo isto... eu vejo isso que se autoproclama e afirmando, eu sou! E vejo sua luta incessante por sobrevivência. Em seu rosto a marca animal permanece, nas marcas da experiência que fazem da pele um painel de uma obra cara caricaturística, e no teatro se explora e deixa escorrer aquilo que se tem de viscoso dentro do músculo e da carne, aquilo que adormece latente e vermelho entre o vazio e a escultura, na bela aparência. Uma luta que herdou de seus antepassados animalescos, animália por definição da ciência natural que explora desde os minérios até as sintéticas reações fisiológicas, e animália por semelhança àquilo que anima, aquilo que está animado, aquilo sobre o que ferve algo da mesma constituição dos planetas, e que ainda reserva em seu sangue, mesmo que agora a explore - explore essa potência enfervecedora, esse calor incandescente -  de uma maneira simbólica e matemática. De que tipo de auto-preservação estamos falando quando vemos alguém impondo uma imagem própria constantemente numa rede social, estamos diante de uma máquina de produção de sentido para si. As redes sociais são um aparelho para produção de imagens para ‘eu’, a partr de onde se estiliza um eu, e a partir do qual passasse a crer em si. O si nascido da imagem criada de eu é uma mentira. O eu é uma ilusão alucinada diante da imperfeição natural do que somos. É imperioso a constatação minimamente teórica da ausência, para pensar-se daí o descolamento, a passagem, o depois, o agora, e o passado. Sem uma falta, não há movimento, não o que buscar, e não há espaço para o novo, assim como não haveria espaço reservado para o passado. A ilusão de completude sugere também uma ilusão de atemporalidade, de que não há divergências, de que o mundo não tem finalidades alguma, de que todo o sentido já foi apreendido, e a imagem ideal de eu é uma projeção dessa quimera. Vendem-se daí fantasias, e compram-se e deleitam-se mediante seus instintos mais primitivos, onde a racionalidade sequer alcança, onde o pensamento tenta apreender mas logo se perde, num reino de total intangibilidade, onde forças ferozes se encontram e agonizam, é ali que resolvemos crer e nos doar por completo, em toda a possibilidade de ser, as ilusões que nós próprios geramos, e que em nosso convívio tornamos convenções, como quem insiste, numa pulsão à repetição, de querer reviver sempre um momento antigo, re-alucinado todos os dias, em perseverações de lembranças escancaradas em perfis, em imagens de si cristalizadas, quais só falta grudarmos na testa (o que seria redundante, já que em qualquer profundidade, pensando na possível profundidade ao homem raso de hoje, carregamos como certo que somos isso que insistimos em acreditar ser) e sair por ai mostrando e implicando a partir de si mesmos, e imperando, e impondo à toda subjetividade, como se estivéssemos assegurados da verdadeira razão, razão que se justificaria no apoio que buscamos pelo reconhecimento dentro das próprias redes de conexão, e que se fortalece também por um apoio sempre coletivo, e nunca individual, e que assim permanece como um jargão, ou um slogan impresso ou escrito nas paredes da própria casa. 

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Poesia Entoada - (Ao som de Mozart - Requiem)

Poesia Entoada

Glória
Glória
De passos últimos de uma raça
Antes da fúria

Fúria que culmina
E arrebata

Destruirá
Destruirá!
E retornará a destruir a singela matéria
Potencial que não se pode ver
Potencial que não se realiza em totalidade
E mantêm-se em conflito
E se estende para dentro e para fora de tudo

E alguns
E alguns...
Do fundo de sua calma
Esperariam para sempre
Durante todo o espaço possível que se faz numa vida
Nada dizer
Único momento sem o qual qualquer certeza se apaga, depois do qual qualquer coisa não é

Porém
Ousaremos sonhar!
Mesmo que tudo isso não leve a nada
Mesmo que sejamos como pó
Em um frasco passageiro
De insignificância e nada

Quem em toda a eternidade ousaria rever todos os dias que já passaram
Quem? Já que nenhum deles é nosso de fato
E todos estão em silêncio
E todos permanecem sem estremecer

Medo que me abala e me golpeia...
Escadarias que construi em delírio para alçar vôo
Impulso descomunal que fora alavancado
Numa reviravolta imprecisa de caos e ordem
Na polarização natural da vida

E esse caminho tão duro
E tão cheio de si
Formulado sobre fundamentos que exigem-se a si ser
A matemática de um infinito

Que nunca deixa de rolar para fora
De vazar para as profundezas de um abismo invisível aos olhos
E a natureza fixa e contingente dos corpos

E nós Humanos
Ainda em discussões com sombras
E tristes assassinatos de antigas premissas

Contando nos dedos
E sentindo nas costas
O peso de tantas mentiras

Uma única só pessoa entre todos os arranha céus insiste em gritar
O ar que expulsa as pressas do pulmão
Como quem se afoga de seu próprio organismo
E sabe

E sabe, sem nunca ter tocado nenhum momento o divino
Em toda a solidão do real
Que a frustração nasce da única pergunta
Por que hei de perecer?

Um espaço para mim
E antes tudo
E depois tudo
E meu nada particular que será alimento para vermes ordinários,

E nunca
Nunca será lembrado!
Pois o tempo é o deus que corre junto aos relâmpagos
E o homem um discurso de décadas

Então
Então...


O que mais tem-se a dizer?  

Fuga de abrir os olhos

Não guardo compaixão pelas dores de alguém...
Não sedo quando sei que essas dores são de um sofrimento irreal.

Por quanto tempo todos vocês pretendem fingir egoisticamente?
Egoisticamente acreditar que aquilo que chamam de amor, o realmente é...
E não é mais um de seus truques!

Truques esses, baratos!
Baratos truques esses que inventas
Invenções nas quais foges
Foges numa fuga sem fim
Grande fuga, grande ilusão

Estatuetas e mitos erigidos
Erigidos pelos olhos que acreditam
E acreditam de dentro pra fora,
Jamais de fora pra dentro.

Sinfonias, polifônicas, multi-instrumentalizadas
Anos de tinta e composição sobre tela
décadas de detalhismo em mármore!
e nada e nada...

Aparente suor que de retorno objetivo
Só trás uma próxima noite mal dormida
E dores no corpo todo...

E, então,
Por quanto tempo continuará tudo assim?
Talvez se parardes um pouco
Parar um pouquinho!
Sejas então capaz
Capaz de notar
Que amar não se trata de ir até lá
Mas de estar a cá
De ficar aqui diferente  

terça-feira, 13 de junho de 2017

Palavras passageiras de morte

Palavras passageiras de morte

Infelizmente não há medida, ou sequer qualquer rastro de algo para ser desconfiado.
A existência é um só caos, e caos nenhum afinal.
Sem começo, sem fim
Os planos vão de mal a pior
numa insistência lamentável
nas tentativas de milagres, nos truques da razão
que em declínio iminente
são soprados como a poeira
única substancial de nossos átomos
invisível verdade
lembrada pela inevitável degeneração a caminho da morte

Razão que exige a forma e a retração do crescimento
Que exige a clarificação, a explicação e o verdadeiro motivo
Que quer ver e não gosta de ser enganada
que anseia encontrar e esconder pra si
numa gaiola no interior de um templo na cidades dos homens
o vir-a-ser, o mistério

Glorioso é o que
ou o que digno de alegria
digno de uma excitação orgânica
que respira e inspira a morte a vida em todos os momentos
nessa dança natural
onde por um lado alguns continuam
e pelo outro perecem
e caem,
um a um,
sem distinção,
no abismo de uma eternidade vazia de palavras e pensamento
será que há qualquer comentário que possa ser feito acerca do que há após a queda?

Silêncio que acompanha a nulidade da ausência de vida
Absurdo para os olhos que costumam ver algo, e que então passariam a ver o que não se vê

Glorioso
tal palavra
que totalmente fora dos fatos do próprio existir,
queria eu saber como e em que circunstância poderia ser aplicada, ou em que tipo de situação veio a surgir
E
se é que nem sempre se perde tempo venerando
deveria-se dar mais valo ao único lugar da vida: o agora
Entre o passado história, e o futuro incerteza

Casas sobrevoando os céus,
estruturas que são sopros e danças da era do vapor
que são ideias
e que vivem na cabeça
e que também sou eu
e você



terça-feira, 18 de abril de 2017

Parece que tudo está desabando
E que meu coração está congelando
... me sinto estranho.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Ha coisas surpreendentes no coração..
Fantasias, amor, desejos, tristezasi. .
Mas tem uma coisa que distancia tudo do que concerne aos assuntos do coração.. e isto é a morte. Não há nada no mundo que não participe do coração, nada enquanto vida.. só a morte separa o mundo do amar. A morte de cada um é dolorosa e horrível e ninguém liga, ela só passa por aí como um vazio, um nada, um qualquer coisa.. é fria e invisível, ninguém ve o cadáver que se esgueira e fala sozinho, suas cordas vocals estao presas e apodrecidas.. o corpo foi perfurado, aberto, fede.. ninguém se importa.

quarta-feira, 8 de março de 2017

fuckinvulcano


Vulcão
Pedra encerrada
Lacrada
Contida
Amarrada
Explosão de eras
Fogo antigo
Memória calada
Angústia amarrada
E tudo cinzas, e de labaredas
e incêndios e fugas
Morte animal, morte vegetal
espírito incinerado
Morte da própria morte
e de novo nada
olhos negros - silêncio
Vulcão que varre
Vulcão que empurra
Vulcão que atravessa
Que impõe e esmaga
Concentração num ponto nuclear
Gota de chuva que aos montes: tempestade
Relâmpagos que assustam o sonho
arrepiam e rasgam a pele
Destruição, pulverização,
Arrebatar esmigalhar e correr e voar e cansar...
Chuva... Chuva num verão,
num quarto úmido e abafado e triste.
Suor, e cansaço
ali, em lugar nenhum
abrasado, irascível, aquentado.

terça-feira, 7 de março de 2017

Va catar coquinho

Há crueldade no modo de falar de algumas pessoas. Há crueldade num modo de falar 'bondoso'.. máscara de bondade que esconde o punhal. Tal crueldade aparece em felicitações, em presentes.. modos que tais pessoas descobrem pra dissimular instintos vis, instintos que pretendem destruir, mas negam. O discurso da esperança, do tornar-se melhor, só tem uma pretensão: excluir, deletar. O que digo é: se você se acha na condição de ser aquele que faz o certo, deve então julgar o que é errado.. e deve acreditar que tem o poder de discernir isso. Seu moralista filho da puta! Tais seres dotados de tudo que é bom e melhor sentem-se no direito de enquadrar o resto do mundo dentro de seus parâmetros, e ali, só ali, você... eu... e todo mundo... temos grandes problemas. Os sonhos e qualquer tipo de pensamento distoante da lógica do ser legalzinho é merda e motivo de chacota. Não se deixe ser humilhado! Tais familiares considerações acerca de teus atos podem passar despercebidas, já que boa pinta é atributo desses parasitas malditos, mas não deixe de ler nas entrelinhas que o motivo real dessa enchecao de saco é uma indigestão, uma dor de dente, uma comida embrulhada no estômago, um enjoo insinuando o vômito.

anarquismo

O conceito de anarquismo é mal compreendido, confundido com o caos, com a nadificação, caminho pelo qual a galera se perde nas ruas e no pior do mundo subterrâneo... Anarquia exige responsabilização... a negação da lei predefinida implica numa exigência de uma posição autêntica, e tua... e isso significa não à subserviência a dogmas antigos, e a pensamentos que entalam na garganta. O anarquismo quer dizer um modo próprio de pensar e fazer, é imposição e destruição.. mas para abrir espaço. Não uma agressão contra o teu próximo, mas sim contra aquilo que se acha maior numa hierarquia que não existe, num quadro de valores ilusórios estampados em lugares inacessíveis a pessoas reais, pessoas reais que entendem que cada um é cada um, e que além da superfície das aparências reside em cada um o diferente. Que cada um seja livre pra ser o que se é.. essa é a posição anarquista.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

a imbecilidade da pureza, e o fedor periférico

A sociedade dos ideais do além-mundo, e sua face pura, é como um urubu à sobrevoar a carniça. Em dias de enterro juntam-se apressados para sofrer e gemer e chorar por sua culpa distribuída em corpos que falecem precocemente. Atravessam os corpos viciados de seu ouro de tolo com julgamentos construídos na dialética de sua própria podridão. Transformam-nos em peso morto para remediar sua culpa, uma culpa enorme, do tamanho das montanhas que constroem em seus cercados privados, uma culpa que subjaz todas suas conquistas brandas e brancas, conquistas que pisoteiam e recusam, conquistas que competem e excluem, empurrando com uma vassoura o lixo para as periferias. Lá estão os zumbis, os lixos, os imbecis e esquizofrênicos, e lá que o sofrimento é real, é lá onde o sofrimento é cotidiano, e lá onde nasce aqueles que tornam o sofrimento real, e não podendo o negar já que é o tem como o único meio de acesso ao real tornam-no real para as páginas direitas e coloridas dos almofadinhas intelectuais, que vivem a utopia da boa vida e escrevem sobre a tristeza de alguns que se perdem no caminho, que igualam a miséria a um erro moral, a um problema de conduta, e onde continuam carregando a boa vida nas costas da mordomia subsidiada por miseraveis, escalada na cabeça dos miseráveis, isto é necessário, pois para ter é preciso que alguém não tenha. Que direito tem as classes superiores de dizer sobre o mal? Que direito eles tem de dizer sobre o sofrimento? Que direito tem de julgar aquele que não pode defender-se adoecido em imbecilidade, aquele que não enxerga os sonhos, aquele que ama de uma vez o sabor e o cheiro da droga pois não enxerga o amanhã? Esses miseráveis carregam o peso da porcaria, o lixo dos problemas sociais. São verdadeiros sacrifícios, pois sem saber, sem consciência, são enterrados, e são, assim o sentem, os verdadeiros culpados, já que a minoria que detêm todo o poder de qualquer coisa, lá de cima sequer tem a capacidade de entender a atrofia cognitiva de uma vida de trabalho, e apenas trabalho operário, trabalho da pior espécie. E esses jesuses cristos, inconscientes, são então o substituto da dor dos ricos: as feridas da sociedade estão aberta onde há tristeza, loucura e miséria. Eles pagam a dívida, a dívida acumula entre os que esbanjam, pois pra onde vai a merda depois da alimentação gananciosa? Pra onde vai o excesso de porcaria já que há o excesso de fartura? Porcos imundos revirando lama. Esses caras comem os restos, restos produzidos na economia mais negra pensada pelo tráfico, pensado em função da riqueza, e incompreendida  quando barrada pelos resquícios de justiça que ainda restam e estão capengando, já que nosso deus é o dinheiro, e do que mais poderíamos viver sem ele? Será que há vida nesses dias da balança do dólar que não seja voltada e guiada pela grana? Pobres criaturas que nunca tiveram recurso, ensino e aprendizagem para a lógica mais básica na confusão atual de pensamentos, e sofreram da desvalorização dos sentires, num mundo que não conhece as notas musicais, que é surdo à melodia do viver, num mundo de coisas, de coisas sem sentido, sem profundidade. A droga e sua alucinação inerente não é só uma busca da alma dessas coisas, de um espírito por detrás do real monótono, de uma loucura vibrante num chato e quebrado, mas é também a busca do amor. Amor recusado, amor afundado, amor inexistente, amor que de início já não é, numa vida confusa e voltada apenas à consumo de objetos materializados, desejos literais, mas amor que se torna motivo de discussão e recriminação, pois arde demais, pois possui a qualidade do que é natural, e o natural não cabe em caixas e não é condensado, e não pode ser escrito, e não está no mundo civilização, e não é educação. O amor é o contorno abstrato das coisas, é um beijo quente, e um coração, o amor também é frio,e o sofrer mais gélido, e tudo isso está fora do comum e das linhas e da ordem, e tudo isso é humano demais para o que é direito e o que todos insistem em reproduzir numa convenção medonha, numa fila e num rebanho para a última e obscura necessidade, num tirar vantagem de um egoísmo calado,  na aparência que contorna o design da existência, um design flexível e de plástico, que emoldura e cola máscaras, que retorce e refaz feridas, que maqueia o organismo pulsante em esculturas que permanecem estáticas nas grandes praças, dignas sim, mas verdadeiras nunca. Não há tal coisa que não seja mutável, o movimento implica em ausência. Essa necessidade obscura que é o fim dessa realização maquiavélica da conduta do chá da tarde, é um desvio, um desvio desviado de novo, e de novo milhões de vezes, e que por fim tornam-se deuses, que só nos esmagam diante de uma impossibilidade, diante da mais sútil percepção de que a vida logo acaba, de que a morte é nossa amiga, de que a morte é nossa sombra.O maior dos males é a generalização do como ser, a o seguimento frio das diretrizes do pensamento que é uma quimera duvidosa, mas debaixo dessa criatura todos são iguais, e pobres daqueles que não se limitam à sorrir e acenar. No fim não há uma diferença tão grande entre a pureza e a podridão, que ambas são frutos de uma mesma árvore. Penso que o fim daqueles que recusam-se com força a aproximar-se do que é podre, devem queimar a pele como o sol, e que a vazies dessa vida deve ser tão pior já que sequer compreende o motivo de estar sofrendo cercado de ouro e latas e cercas de titânio. Donde vem a lança que me acerta - é a pergunta, se estou forrado de armaduras?

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Animais

Macaco, homem com calças
Voando na cidade
Faço de conta que sou gente
Faço de conta que sou animal
Cérebro antepassado
Anos infurnado
Retraído nessa pequena casa
, ninho
Saio correndo e vou embora
Não gosto de onde vivo, não gosto de ficar parado
Quem me enganou com tantos materiais
Quem me deu de comer em tigelas e garfos
Não gosto de ficar parado, não gosto da convenção
Bobagem toda que aos meus olhos de fogo só servem pra condensar minha fúria que anseia explodir na selva
Selva que habita em minhas celulas
Selvagem são seus olhos
Minha boca que se alimenta
Meus ouvidos que ouvem os grunidos
E minha pele que corta o vento e o sol e a terra
Animais, bichos ocidentais
Cercados em casa

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Correr com lobos

Tigre! Tigre!
Brilho, brasa que a furna noturna abrasa, que olho ou mão armaria tua feroz simetria?

Em que céu se foi forjar o fogo do teu olhar?

Em que asas veio a chama? que mão colheu esta flama?

Que forças fez retorcer em nervos todo o seu ser? E o som do teu coração de aço, que cor, que ação?

Teu cérebro, quem o malha?
Que martelo? Que fornalha
o moldou? que mão, que garra
seu terror mortal amarra?

Quando as lanças das estrelas cortaram os céus, ao vê-las, quem as fez sorriu talvez?

Tigre! Tigre!
Brilho, brasa que a furna noturna abrasa, que olho ou mão armaria tua feroz simetria?

- William Blake

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Engraçado como as vezes me confundo
E acho que tenho certeza do que eu sou
Simplesmente olhando ao meu redor
ou contando conquistas,
Somando o que eu faço

Graças à qualquer coisa
Que daí caio em mim
E lembro que no fim e no começo
Não sou nada disso tudo,
Só um rapaz...

Nem um rapaz eu poderia dizer
Nem eu,
escreveria... escrever?
Fim

Fim do final,
Finalizado
Fim de verdade
Fim sério e não engraçado

O fim sumiu?!
Sumiu o sumir - sumido
Então nós dois
Aqui em nenhum lugar